No mês de julho, todas as quintas feiras, a comunidade a qual participo realiza um cine clube onde exibimos filmes com temáticas de cunho moral para debatê-los no final de cada exibição, o ultimo filme foi “Dúvida” com a Meryl Streep, no qual interpreta uma freira rigorosa que cuida de um colégio católico com mãos de ferro, e esse foi o filme escolhido por mim para iniciar a minha sessão de filmes aqui no blog.
Eu achei Dúvida um dos filmes mais brilhantes de 2009, não só pela delicada temática, mas pela imparcialidade com que o filme trata o assunto que vem assombrando a igreja católica nos últimos anos, a pedofilia.
Dúvida, como o próprio nome diz, te joga em um emaranhado de incertezas, do qual você tenta sair apoiando-se em um dos lados, porém nenhum dos dois é convincente o bastante. De um lado temos uma Freia durona, carrancuda, conservadora e dotada de uma certeza. Do outro temos um Padre amado por todos, gentil e com idéias inovadoras para a igreja da época.
Ambos se odeiam. Uma acusa, o outro se defende e o espectador é o júri imparcial da trama.
A grande questão do filme paira no próprio julgamento. Quem sou eu para julgar? Quem sou eu para definir o que certo e o que é errado? Ou pior, quem sou eu para definir quem está certo e quem está errado? A medida que o filme ia rolando eu via interrogações brotando na minha cabeça, e essa é graça do filme, pois ele não te dá uma resposta, cada um tem a sua própria versão do final.
Afinal, o Padre legal abusou de garoto inocente? O mesmo Padre que era amável e bondoso com todos? Quem esta acusando? A freira carrancuda e fria que odeia as idéias que o Padre Legal implanta na comunidade?
Há um momento no filme em que a mãe do garoto em questão aparece para gerar mais questionamentos à trama. Ela representa ali todo o perfil sociológico da época, uma mulher humilde e sem apoio que tenta dar ao filho uma chance que ela não obteve, e se mantém omissa ao caso, pois o padre oferece ao filho uma imagem masculina que o mesmo não tem em casa.
Se nem Meryl Streep consegue responder essa pergunta, ela que fez “A escolha de Sophia”, quem sou eu para responder tal questão? Mas a grande cartada do filme não está no certo ou no errado, mas sim no julgamento, nas palavras que proferimos contra o outro, é essa a grande sacada do filme. É como agimos quando estamos cegos por uma certeza que só a nós nos cabe.
Dúvida é um filme excelente na sua simplicidade, um filme sem muita ação, mas que te prende na beleza de seus diálogos bem trabalhados, e na forma como deixa o publico intrigado. Que nos mostra como é fácil julgar e difícil provar, ou dependendo da sua interpretação, como é fácil fugir e difícil assumir. Cabe a você se enquadra na trama. Só isso.
Trailer Oficial
Trailer Oficial
Não assisti esse filme, mas pela descrição parece ser bem interessante, além do mais eu adoro essa atriz. Boa dica.
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