terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dia 2# - Dúvida

 
No mês de julho, todas as quintas feiras, a comunidade a qual participo realiza um cine clube onde exibimos filmes com temáticas de cunho moral para debatê-los no final de cada exibição, o ultimo filme foi “Dúvida” com a Meryl Streep, no qual interpreta uma freira rigorosa que cuida de um colégio católico com mãos de ferro, e esse foi o filme escolhido por mim para iniciar a minha sessão de filmes aqui no blog.
Eu achei Dúvida um dos filmes mais brilhantes de 2009, não só pela delicada temática, mas pela imparcialidade com que o filme trata o assunto que vem assombrando a igreja católica nos últimos anos, a pedofilia.
Dúvida, como o próprio nome diz, te joga em um emaranhado de incertezas, do qual você tenta sair apoiando-se em um dos lados, porém nenhum dos dois é convincente o bastante. De um lado temos uma Freia durona, carrancuda, conservadora e dotada de uma certeza. Do outro temos um Padre amado por todos, gentil e com idéias inovadoras para a igreja da época.
Ambos se odeiam. Uma acusa, o outro se defende e o espectador é o júri imparcial da trama.
A grande questão do filme paira no próprio julgamento. Quem sou eu para julgar? Quem sou eu para definir o que certo e o que é errado? Ou pior, quem sou eu para definir quem está certo e quem está errado? A medida que o filme ia rolando eu via interrogações brotando na minha cabeça, e essa é graça do filme, pois ele não te dá uma resposta, cada um tem a sua própria versão do final.
Afinal, o Padre legal abusou de garoto inocente? O mesmo Padre que era amável e bondoso com todos? Quem esta acusando? A freira carrancuda e fria que odeia as idéias que o Padre Legal implanta na comunidade?
Há um momento no filme em que a mãe do garoto em questão aparece para gerar mais questionamentos à trama. Ela representa ali todo o perfil sociológico da época, uma mulher humilde e sem apoio que tenta dar ao filho uma chance que ela não obteve, e se mantém omissa ao caso, pois o padre oferece ao filho uma imagem masculina que o mesmo não tem em casa.
Se nem Meryl Streep consegue responder essa pergunta, ela que fez “A escolha de Sophia”, quem sou eu para responder tal questão? Mas a grande cartada do filme não está no certo ou no errado, mas sim no julgamento, nas palavras que proferimos contra o outro, é essa a grande sacada do filme. É como agimos quando estamos cegos por uma certeza que só a nós nos cabe.
Dúvida é um filme excelente na sua simplicidade, um filme sem muita ação, mas que te prende na beleza de seus diálogos bem trabalhados, e na forma como deixa o publico intrigado.  Que nos mostra como é fácil julgar e difícil provar, ou dependendo da sua interpretação, como é fácil fugir e difícil assumir. Cabe a você se enquadra na trama. Só isso.

Trailer Oficial